A História

Do notável o passado que a História nos reservou, subsistem até aos dias de hoje artefactos e monumentos das diferentes épocas históricas.

No entanto, sobre Tábua, bem como todo o Município, não restam muitos documentos escritos anteriores ao século XII que melhor possam elucidar este nosso passado, já que apenas a freguesia de Midões apresenta documentos escritos anteriores à Nacionalidade, embora muito escassos.

Não restam dúvidas, contudo, sobre o facto de todo o território do atual concelho de Tábua ter sido de domínio da civitas senense ou, depois, do fortíssimo castelo de Seia, compreendendo-se assim que, posteriormente, as primitivas paróquias do concelho surjam incluídas administrativamente na «terra» ou «julgado medieval» de Seia.

Tábua foi, no século XII, honra da família «da Cunha», por dádiva da filha de D. Afonso Henriques, Infanta D. Tereza, conforme as Inquirições de 1258 e, «nesta linhagem pertenceu durante sete séculos, tornando-se o mais longo senhorio de uma terra, com a particularidade de ter passado sempre em linha varonil, sem bastardia, até D. José Maria Vasques Álvares da Cunha, 4º Conde da Cunha, 22º senhor do julgado de Tábua, que faleceu a 16 de Março de 1865»[1] A esta família «da Cunha», concedeu D. Afonso IV, por carta de 30 de Dezembro de 1342, a jurisdição civil e criminal de Tábua – concessão confirmada por D. João I a 03 de Maio de 1392. Séculos mais tarde, a criação do concelho de Tábua substituiu e englobou os extintos concelhos de Candosa (extinto em 1840 e anexado ao de Midões), de Midões (extinto em 1853) de Ázere e de Sinde.

À semelhança de várias outras localidades do concelho, que durante o século XVI tiveram atribuição de cartas de foral (Ázere e Sinde a 10 de Fevereiro, Covas a 15 de Março, Vila Nova de Oliveirinha a 15 de Maio, Candosa a 16 de Junho, Midões, Mouronho e Pinheiro de Côja a 12 de Setembro), também Tábua teve carta de foral a 26 de Abril de 1514. As suas terras eram a agregação de diversas povoações, designando Tábua mais um pequeno território do que uma povoação, que compreendia os bairros de Alvarelhos, Fundo de Vila e Silhada.

No que se refere à toponímia, recentes investigações e publicações têm referido o fato da derivação do nome Tábua, até então associado a uma ponte de tábuas sobre o rio Mondego na altura da formação do Condado Portucalense, poder ter, afinal, uma outra origem. Por um lado, o topónimo Tábua poderá ter origem no latim vulgar tabula, “tábua”, talvez no sentido de região plana[2], o que, numa primeira análise parece ter algum fundamento, dado o concelho de Tábua se circunscrever no denominado Planalto Beirão. No entanto, a toponímia portuguesa tem demonstrado que em locais onde existiram pontes de madeira, o costume foi o de passarem a chamar-se de Ponte de…, Pontão ou até mesmo Barca, mas não Tábua.

Por outro lado, é também possível fazer derivar a toponímia relativa a Tábua do deus romano Tabudico, nome inscrito numa ara votiva, atualmente em depósito na Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e na qual se lê: TABUDICO / c. FABIVS. VIATOR / L. A. D. D.[3]

Por último, tabua é também o nome comum da Typha angustifolia [4], planta herbácea, aquática ou semiterrestre com rizoma, que existe em terrenos pantanosos, lagoas e cursos de água. É uma planta que invade águas baixas provocando rápidas obstruções. Esta planta é bastante comum nas nossas margens do Mondego e, poderá estar também na origem do topónimo Tábua.

Todavia, novas investigações trazem a possibilidade de efetivamente o topónimo derivar de uma ponte de tábua, não no rio Mondego, «mas sim sobre a sua ribeira de Tábua à entrada da vila, a 250 m da antiga Câmara Municipal.»[1]


[1] PAIS, Fernando José Gouveia. 500 anos: O concelho de Tábua nos forais manuelinos. pág. 17
[2] Tábua in: Toponímia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2013-14. <acedido> em 02-12-2014>
[3] http://arqueologia.igespar.pt
[4] http://aguaonline.net <acedido> em 17-06-2014>